Integrantes de movimentos estudantis e de grupos de esquerda que sofreram perseguição política durante a Ditadura Militar foram anistiados pelo governo brasileiro em uma solenidade realizada nesta terça-feira (6), em Salvador.
Quinze baianos e um paulista receberam a anistia. Para eles, foi o reconhecimento de uma luta em que muitos perderam a vida ou passaram anos na prisão.
Aristiliano Soeiro Braga, de 62 anos, se emocionou bastante durante a cerimônia. Preso duas vezes em Salvador durante o Regime Militar, o ex-integrante do movimento estudantil foi reconhecido oficialmente nesta terça-feira como perseguido político, recebeu o perdão do governo brasileiro e uma indenização de R$ 100 mil. “É uma conquista histórica para essa família. Inclusive, em virtude da longa perseguição que atingiu Aristiliano. Se fez justiça, finalmente” diz Ranieri L. Resende, advogado do anistiado.
O processo de Aristiliano foi um dos 16 julgados nesta terça na Caravana da Anistia, realizada pelo Ministério da Justiça na capital baiana. Quinze processos eram de baianos que militaram em partidos e movimentos de esquerda ou são parentes de pessoas que sofreram com a repressão política.
A caravana foi criada em 2008. No projeto, a comissão do Ministério da Justiça percorre o país fazendo o mesmo trabalho que realiza normalmente em Brasília. A diferença é que, indo até os estados, os conselheiros ficam mais próximos das pessoas que esperam ser anistiadas e tornam o trabalho mais conhecido.
“Seria uma forma de resgatar também a dignidade daqueles que foram interpretados como nocivos para a sociedade, julgar mais próximo dos fatos onde as pessoas estiveram e aí seus familiares estão envolvidos”, explica Sueli Bellato, vice-presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
O paulista Mário Barbate, de 92 anos, ficou preso durante quase uma década no governo Vargas. Companheiro de luta do baiano Carlos Marighella, anistiado na segunda-feira (5), em Salvador, Barbate foi reconhecido como perseguido político e também vai receber R$100 mil de indenização. “É sempre bom ser reconhecido, né? Esse processo todo já é uma glória para a gente, é o resultado da luta”, diz Mário Barbate (Fonte: G1)